domingo, 24 de agosto de 2014

a gente nasce quando quer. quando decide que nasceu na vida. o minúsculo mundo, o baú dos sonhos. trancafiavam com êxito os pequeninos sofrimentos. matéria prima de um possível diálogo com a cabeça apoiada no vidro. a grande fascinação do renascer é não enxergar o mundo com olhos de criança. enquanto essas nasciam. boa sorte. o relógio não se esquece de badalar meia-noite. olhar o cronômetro arrepiava a terceira vértebra como o puxão de cabelo pelas unhas esmaltadas. colhíamos o trigo apenas pelo deleite de olhar a vista. ao final do dia, o sorriso trabalhador quase que implorando por mais uma cerveja. o rosto infestado de sardas e as mechas louras sufocadas em tranças. cansados dos somente olhares negociados com as moças de riso forte e pálpebras frouxas, entendemos finalmente: lei seca americana alguma seria pior que a greve do sexo ditada por Aristófanes. a conclusão foi de que o ser(vidor) humano destruía a si mesmo pensando que poderia tornar a educação uma fórmula, ao passo que acabávamos conosco na companhia das prostitutas da beira de uma estrada qualquer. finalmente. finalmente nossa beleza não mais era marcada por nenhum vão lateral nas coxas, mas pelo excesso de gordura e o cabelo emaranhado. o querer em sua forma mais bruta. o de um sangue elitista que incessantemente salivava pelo gosto da caça. o som gordo que era a reclamação da doença social. a imitação do barulho de tosse. canalhas. mas não éramos todos? no dado instante em que dissemos que as ideologias eram ir fundo demais, tivemos de nos separar. tornamo-nos comuns. resto. nossa lucidez nunca foi saudável. havia uma espécie de úlcera causada pelo julgamento, infecções ocasionadas pelo extremismo necessário. insensível. sem sinto. sem cinto. o que faz você feliz?

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