sábado, 9 de agosto de 2014


Aqueles dias
em que o poeta
anda tão inspirado,
que poesia para a alma
é quase como
psicografia.
Simplesmente
por arte não ser
ciência,
nossa liberdade
torna-se
questão de decência:
aproximação
e afastamento
podem ser,
da terra,
nossa visão
em uma viagem
de balão.
Abandonamos,
sob a beira da estrada,
a definição
por metáfora,
essa prática,
estática,
de-sa-fo-ra-da.
E então
permitimos
que
dia e noite não signifiquem
vida e morte,
chuva
não seja sinônimo
de recomeço,
desejo concedido
não passe de sorte
e olhar da donzela
não termine em beijo.
Nada mais é proibido:
carnaval!
O vestido despido,
nosso rosto no mural.
Em resposta
a essa proposta,
nossa prece
acontece,
a nobreza
se descomporta
o atrevimento
arromba a porta:
crime!
Regras caladas,
fechadas
e trancafiadas.
A final confiança
para crer:
nossa rima
carente, desprovida
pobre,
desfavorecida,
se enriquece
em nome
do nosso querer:
ninguém mais
vai me dizer
como minha poesia
deve ser.

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